"Às datas chamo-lhes bichos fálicos ou trapézios de água, faço-as arder como punhados de sal.
As datas são camarins onde o nu sabe e não sabe a uvas. Em cada data há um burro morto enterrado a flauta dúbia. Mas reparem que o nu do peixe não tem data.
Datas com rosas, datas de tesão e trigo, datas acarinhadas por veludo ou mãos de marujo, datas ao vento, datas servas como sabres.
Para cada data o seu pó, uma noite de poeira, a sua rua de serpentes afogadas em vinho.
As datas perseguem-me e gastam-se, bebem-me o sangue.
Tenho o coração datado."
Café concerto «O Camarim»
Lisboa 22 de Outubro de 1985
in "Viola Delta" 13ºVolume.
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