"«Sem mistério não há beleza. A beleza é o esplendor do mistério, não da verdade. O próprio encanto das cousas jaz, no escuro, como que querer iluminar-se.»
(Teixeira de Pascoaes)
Nos bailes de Corínto, penso em corpos
que foram vento de água, voos planos,
e os beijos que soltei nasceram mortos,
porque os meus lábios nunca fazem anos.
Nas tardes lentas de Óstia, pelos bosques,
sonhei com peixes, imp'rador's romanos,
e fiz arder bandeiras nos deboches:
marfim, coxas gulosas, ricos panos...
Cresci com ódio, setas, com retratos,
poços de fumo, ao fundo de outros braços,
e as ninfas em que cri eram de tela.
Na praia de Óstia, mestre de ostras sou,
fui vagabundo de almas em Bruxelas,
inchei de medo e nunca tive dó."
Fernando Grade, Espargal - 10 de Junho de 1985
in "Viola Delta" 12º Volume.
Comentários
Enviar um comentário