AS vezes chovia e eu estava longe de casa
tinha o
mar por pastor.
Os outros seguem com os
olhos em flecha os dançarinos
que vão bailar o medo
partem
com uma única escova de dentes
e um pão por cheirar.
Será uma viagem
igual a um disfarce de
fuso horário
ou apenas uma mancha de
ferrugem a cresceer
em
corpo magro de rapariga.
Levaram
um cheiro de veludo, qualquer pulso livre
para
estrangular a noite,
não
fizeram perguntas
não
quiseram saber de chuva ou gardénias
— Mamã quer pouco —,
as
túnicas ardiam, deixavam de ser eternas
havia poucas viagens de
sal até aos bosques.
A luz
nocturna em flecha mordeu-me os pulsos
qual
rato teórico ou luar do deserto a poisar na roupa
esfarrapada.
Pó de uvas ou pó das ervas?
O leitor não gosta muito
de tecedeiras
porque há um lume sujo
que cresce pelo terror acima
logo de
manhã no incêndio do mijo.
Ou o
único beijo feliz não passasse de
um
insecto tolo.
Sem rancor ou peste, às
vezes chovia e eu estava longe de casa
tinha o mar por pastor.
Amora
— Setembro de 1991
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